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Tag Archives: autonomia

Mais de um ano se passou desde que a squat N4 deixou de existir, ainda assim existem restos de telhas que estão encrustrados em nossas mãos. Ainda existem retalhos que precisam ser atados. Ainda sentimos a necessidade de contar outra vez o que já foi contado, e contar o que deixou de ser contado. Mesmo que tenhamos tirado nosso antigo blog do ar, agora criamos este endereço, e estamos repostando alguns textos que sairam no zine Cinamomo #1, publicado no inverno de 2007, e os antigos posts do squatn4.blogspot.com … em breve escreveremos mais…….

Não podemos esperar que contem nossa história…não podemos nos calar e acreditar que seremos compreendidos. não podemos nos calar e acreditar que estaremos sendo solidários com o que acreditamos.

/// acaoantisexista(at)subvertising(dot)org

///anarcopunk.org/acaoantisexista

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Ocupar. Mais de uma razão, mais de um significado.

Cada vez mais a nossa civilização se expande, toma conta da Terra, dos espaços, e de forma muito predatória a engole. Consome terras, o verde, consome a água, destrói polui e não repõe, não devolve. Nem para a Terra, nem para nenhum ser que nela habita. Os animais sem escolha vão se extinguindo, sendo escravizados ou domesticados e no seu silêncio parecem vislumbrar o fim de seus tempos, o fim dos tempos. E nós humanos estamos nos privando escolhas. Acabamos por não repor nem para nós mesmos nossas necessidades,  pois vivemos ou dentro de regimes claramente autoritários ou em falsas democracias, falas liberdade.

O consumismo supre superficialmente nossa necessidades, , mas não pode substituir as que são inerentes a nós seres humanos. E vamos como que nos emaranhando cada vez mais nesta teia gigantesca que envolve trabalho, consumo, relações de poder, relações cpitalistas, hierarquicas sendo essas governamentais, trabalhistas ou pessoais.
Vivenciamos desigualdades sociais e de classes. Os indivíduos são tratados desigualmente de acordo com seu gênero, cor da pele, origem, posição social ou aquisição material. Vemos essas diferenças, a ganância, o desejo do monopólio e as religiões serem causas de guerra. Em detrimento a isso tudo muitors estão lutando em busca de alternativas, dessa forma resistindo para não sucumbir ao esquema proposto. Resistindo para preencher o vazio que a futilidade e o lema do descartável promovem.

Não queremos extirpar todos os recursos naturais nem esgotar nossas forças para mover a máquina.

Queremos lutar! Queremos resistir!

Ocupar é reaproveitar um espaço inutilizado, é negar participação nos moldes tradicionais impostos pelos que lucram com isso. É uma tentativa de freiar a máquina, de se dar o direito de não contribuir com o que não se acredita. Ocupar é uma iniciativa para romper com as regras que não queremos aceitar e principalmente para buscarmos coerência em nossas vidas.

texto por uma okupa.

publicado originalmente no Zine Cinamomo #1

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Construir/desconstruir.

Não levou muito tempo, as cinzas das máquinas e estruturas queimadas gradativamente tomaram o solo, secando, misturando-se com folhas secas e tornando-se matéria orgânica para o crescimento de todo o tipo de vegetais. Os cinamomos talvez sejam os primeiros a okupar essa fábrica, nascendo já aos primeiros sinais de abandono, SUBVERTENDO A FUNÇÃO INICIAL DO PISO DE CIMENTO, SUBVERTENDO A FUNÇÃO DA FÁBRICA. Passados doze anos de abandono os cinamomos nos recebem, grandes, fortes e jovens.

Em maio completamos seis meses de okupação da fábrica, começando a enfrentar os primeiros dias frios que chegaram quase sem aviso, passando de 30ºC para 9 em menos de dois dias! No espaço onde dormimos, ainda não existem janelas – ou melhor, estruturas que nos permitam fechar e abrir as janelas, como venezianas e vidros – portas fixas e o piso ainda está por concluir. A peça onde dormimos e realizamos todas as atividades domésticas, é a peça mais preservada, porém tem algumas infiltrações no teto e, no lugar onde deveria ser o piso, tinha um buraco medindo mais de um metro de profundidade. Da mesma forma que destruiu os telhados e as aberturas, o incêndio deve ter destruído o piso que era feito de madeira, então nos preenchemos o buraco com cacos de telha e uma camada fina de areia e, finalmente, tijolos maciços que encontramos nos escombros. Tarefa lenta e artesanal que ainda não está concluída.

Assim acontece também com as outras partes da ocupação, vamos reconstruíndo buscando alternativas ecológicas e econômicas, experimentando e desconstruíndo os conceitos estabelecidos de como construir, com que material construir e qual a função de uma construção. Por termos que começar quase do zero, temos mais autnomia para construir focando na finalidade do espaço. Um espaço de convivência, de vivência, de construir e desconstruir, de ações, de fomento e repúdio.

por um okupa.

publicado originalmente no Zine Cinamomo #1

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Terça-feira, 7 de Agosto de 2007

Grupo de estudos na N4!

autonomiaeliberdade1

Fazem 2 sábados começamos um grupo de estudos na squat. O coletivo Mentes Plurais já havia algum tempinho tava se mobilizando pra isso. Foi então que ao sabermos oferecemos o espaço pra que a atividade pudesse se desenvolver. Numa quarta feira um grupo que reuniu 10 pessoas se encontrou para se conhecer e se informar sobre o grupo de estudos. O pessoal do Mentes Plurais já tinha escolhido o livro, porque seria inicialmente uma atividade do coletivo, e tiraram cópias para que os interessados lessem antes do primeiro dia de estudo. O livro escolhido é “A Doutrina Anarquista ao alcance de todos” ,1945,de José Oiticica. O nome do livro já gera discussão. Mas até isso então acabou sendo motivo de estudo, de questionamento. Poderia aqui falar horrores só sobre isso! Sobre a palavra, linguagem e suas distorções, reais significados, e mudanças decorrentes de uso e tempo. Doutrina, termo muito usado por religiosos, e segmentos autoritários( por isso soa mal) mas também por filósofos(e o autor era um), já que pode significar um conjunto de idéias ou princípios(outra palavra difícil) e também usado na literatura anarquista. De qualquer forma, o grupo de estudos é para discutirmos sobre os pontos apresentados nos livros escolhidos, para vermos pontos de vista, concordarmos, discordarmos, em fim.
Então nos últimos dois sábados lemos e discutimos sobre o primeiro capítulo do livro. Talvez não seja interessante aqui dar uma opinião sobre o livro, já que o que interessa mesmo é o processo de debate e não opiniões. Além de que se faz necessário a leitura completa do mesmo.Como fato, podemos dizer que o livro é de cunho anarcosindicalista.
O pessoal está bem motivado com o resultado dos encontros até aqui! Ambos foram bem enriquecedores.
Então, fica o convite para quem tiver interesse de participar deste grupo!
O próximo encontro será neste sábado a princípio as 14 h.
Entre em contato!!

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Sexta-feira, 20 de Julho de 2007

forno de barro sobre cofre enferrujado

Este é forno que fizemos de barro e tijolos. Sem muito mistério, foi só colocar o barro entre as camadas de tijolos e para revestir. O respirador foi feito com um tijolo de seis furos. O barro como já dissemos anteriormente foi feito com terra, água e palha. É necessário fazer um fogo bem forte que aqueça bastante antes de colocar o que se for assar. Na nossa primeira tentativa não deixamos tempo suficiente antes de deixarmos em brasas. Fizemos novamente o fogo e deixamos por mais tempo aquecendo para então colocarmos as pizzas. Ainda estamos nos acertando com o tempo de fogo ardendo para a temperatura ideal.

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Segunda-feira, 25 de Junho de 2007

Wen- Do, confecção do forno, notícias gerais

Agora em julho fazem 8 meses de okupa. Tantas coisas aconteceram, e ficaria muito difícil relatar cada dia até aqui. O que temos feito desde que ocupamos é limpado e reconstruído o espaço que fora uma fábrica abandonada há 12 anos quando pegou fogo e se encontrava em ruínas.

Esta reconstrução é lenta por sermos poucos e porque coletamos material tanto nas ruas como no próprio local. Das ruas dependemos do que achamos e das condições de carregar este material até a kasa.
Do local tijolos e telhas dos escombros tem servido para piso e outras funções. No início parte do entulho foi jogado fora, mas como é difícil de dar conta devido a quantidade e por necessidade, passamos a utiliza-lo. Das ruas coletamos madeira, compensados, esquadrias, cadeiras, e tudo que possa ser reaproveitado, para fecharmos janelas, fazermos portas etc.
Também nestes 8 meses já fizemos muitos amigos e recebemos apoio, abrimos o espaço para reuniões com coletivos, recebemos pessoas de outras localidades e abrigamos alguns animaizinhos de rua. Fazemos coleta de alimentos em algumas feiras pela cidade, que vamos de bicicleta sendo assim possível irmos em feiras diversas.
Esta semana que passou foi cheia de atividades e muito motivadora! Na terça feira de céu cinzento e chuva fina decidimos fazer o forno que já há um tempo estávamos planejando. Fizemos o forno de tijolo e barro. Fizemos o barro com uma parte de terra que se encontra também no pátio, mais capim seco e água. Montamos o forno em cima de um dos cofres que tem no pátio. São cofres grandes e pesados que já tentamos entre 10 pessoas mover, mas não foi possível. 2 semanas atrás dentro de um destes cofres, fizemos pizzas! Mas por falta de respirador entre outras coisas ficamos pilhados a construir um forno.
Passamos o dia nesta função e acabamos na tardinha. Está bem úmido aqui em porto alegre e o forno ainda não secou totalmente. Percebemos algumas rachaduras, mas ele parece bem firme! Bem, este é o primeiro! Estamos aprendendo como fazer e utilizar o barro.
Na quinta feira houve mutirão na squat. Como apareceu a oportunidade de oferecermos uma oficina de Wen-Do para sexta feira, ao decidirmos qual local seria mais apropriado para o evento, resolvemos limpa-lo antes de qualquer outra coisa. Decidimos por uma ambiente amplo e aberto com piso de parquê velhinho e úmido mas excelente! Onde dormimos e cozinhamos é um ambiente apenas e único local com teto, mas por ter móveis não oferece espaço suficiente para a prática. Ficamos torcendo que não chovesse na sexta!
Movemos os móveis e objetos que se encontravam no local escolhido para outro lugar e colocamos uma lona para protegê-los da chuva. Separamos algumas coisas para lenha, varremos, limpamos, etc. no meio da tarde alguns amigos apareceram e reforçamos umas janelas do que hoje é só um muro, no fundo do pátio.
No dia seguinte então, uma parceira que hoje mora em Curitiba e lá com um grupo pratica e promove as oficinas, veio para esta atividade tão esperada por todas! Foi no domingo da outra semana, dia que ela chegou, que planejamos o evento para sexta passada, sendo assim, pouco tempo tivemos para divulgação. Algumas companheiras apareceram, assim como o sol e realizamos a atividade que começou as 9:30 e terminou as 16h. Wen-do é uma prática de defesa pessoal feminista que envolve também teoria promovendo discussões sobre a violência contra a mulher e solidariedade psicológica.É necessário agora que este pequeno grupo continue praticando e desenvolvendo o Wen-Do. Fiquem atentas mulheres de todas idades, que logo estaremos promovendo outra oficina.
O resto da semana, precisamente o fim de semana, foi como sempre, entre feiras e afazeres na okupa.
Outra semana começa. Outra semana de resistência. Falando em resistência sinto a necessidade de dizer que quando falamos assim sobre uma squat é porque há sempre o fantasma do desalojo. Mas sabemos que outras pessoas, grupos e coletivos resistem a seu modo. Toda forma de resistência ao esquema proposto é válido! Lute pelo que você acredita!
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Sexta-feira, 18 de Maio de 2007

4 de Novembro

4denovembro2
Olá, saudações libertárias! esse blog tem a intenção de permitir um acesso maior às informações e noticias sobre a Squat N4 – ocupada em 4 de novembro de 2006, em porto alegre, rio grande do sul brasil. Também estamos editando um informativo impresso…mas, possivelmente, este on-line será atualizado com mais frequência. Esperamos com isso, dividir esta(s) experiencia(s) com um maior numero de pessoas e permitir a participação daqueles que estão mais distantes…

Hey, libertary greetings!
This blog intends to offer a larger access to information related to the N4 Squat – squatted on November 4th of 2006 in the city of Porto Alegre, south of Brazil. We also have just finished a zine which contains some of our ideas and plans for the squat. Anyway, we will try to update this blog when it’s possible. The idea is to share our experiences and resistance, this way even far you can make part of it in somehow.

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